Pode não parecer, mas já faz seis anos que o Kia
Elegeram o mesmo designer da Kia BESTA para fazer o desenho do Picanto. |
Em 2008, ele passou por um ajuste no desenho sem alterações do projeto em si, o famoso facelift. Como uma mulher feia que vai ao melhor salão de beleza do bairro, o carro melhorou bem, mas não tinha como esconder a feiura por baixo da maquiagem. Era possível perceber suas linhas quadradas, quase uma "mini-besta". Mesmo assim, por seus bons atributos, o carro teve um fluxo constante de vendas até 2011, época em que chegaria a nova geração 2012.
O Picanto na prática era um carro 1.0 com conteúdo e equipamentos de um Civic ou Corolla. Quem tinha o carro só elogiava. Era muito superior aos carros 1.0 nacionais, contando até com cambio automático como opcional, mas não se destacava em vendas pelo seu preço e principalmente pelo design ruim. Nos primeiros anos, a pouca popularidade da Kia também influenciava no número discreto de vendas.
Facelift no Picanto 2008, viu como melhorou? Acho que não, né? |
No segundo semestre de 2011, uma legião de interessados já se aglomerava em fóruns pela internet, querendo saber sobre a nova geração do Picanto que chegaria em breve. Dessa vez sim, um desenho completamente inovador até para a categoria, um carro bonito, com um design que posteriormente viria a ganhar prêmios na europa.
A expectativa era muito boa, finalmente o carrinho da Kia iria deslanchar. Havia no ar a preocupação sobre o preço que o carro seria comercializado. Era bonito demais para ser vendido no preço do Picanto atual. Para a surpresa de todos, o carro não chegou tão mais caro, a Kia anunciava uma diferença de cerca de R$ 2.000,00. Nada mal pela novidade, deixando de lado o fato de que qualquer carro no Brasil é muito caro.
Quando tudo parecia muito bom, na verdade estava tudo certo pra dar
Kia-azar!
O primeiro vilão da história foi a própria Kia e seus concessionários. Percebendo a grande procura pelo veículo logo que começaram as vendas, todas as lojas da Kia pediam R$ 4.000 ou R$ 5.000 a mais do que estava sendo anúnciado nas propagandas. Tinha desculpa do frete, taxa do porto (pois o carro é importado), taxa do café, taxa de novidade, enfim, várias desculpas para aplicar ágio sobre o preço do carrinho. Alguns clientes que queriam parecer mais inteligentes e modernos que seus vizinhos de condomínio aceitaram pagar o preço bem mais alto e outros até entraram na fila esperando nova remessa de importação.A Kia tratando seus clientes como lixo, tornava impossível negociar o preço e muito menos fazer test-drive no veículo. Não existiam unidades disponíveis para test-drive. Quer comprar? Compra. Não quer? Algum trouxa vai comprar e pagar bem caro. A taxa TBB (taxa babaca brasileiro) estava sendo aplicada.
Brasil, um país de tolos
A tendência natural é que a procura diminuísse nos primeiros seis meses, quando o carro não fosse mais novidade e os preços se ajustariam para um valor mais "justo". É bem aqui que fomos surpreendidos novamente.Devido ao sucesso que as marcas importadas estavam fazendo no Brasil (entregando mais conteúdo por um preço ligeiramente menor), o governo brasileiro resolveu acabar com a festa gringa, criando complicadas e burocráticas regras no IPI, o que beneficiou as fabricantes nacionais e prejudicou as fabricantes de fora do país, aumentando muito o preço do carro importado.
Brasil, um país de tolos. Do Picanto ficamos apenas com a PICA. |
Esse foi o segundo golpe que o Picanto sofreu em menos de 3 meses de seu lançamento. Com o preço bem mais alto por conta de imposto, a Kia precisou reduzir um pouco a sua ganância, mas já era tarde demais. O carro que tinha tudo para ser sucesso continua até hoje com vendas pouco expressivas e custando muito caro. O primeiro ano de vendas é muito importante para ajudar no sucesso de um carro, se as vendas emplacam enquanto o carro é novidade há maiores chances do produto se consolidar no mercado.
Será que ainda existe esperança para a pobre vítima? Seria muito bom ver menos Ka, Celta, Palio, Uno, Gol, Clio, Fiesta e um pouco mais de